Diz-se que só é biologicamente possível
estarmos apaixonados durante quatro meses. Que, passado esse tempo, ou deixamos
de estar apaixonados, ou o sentimento passa a amor.
Há cinco anos que estou apaixonada por
ti. Há cinco anos que sinto o mesmo, sempre ali no limbo entre o amor e o
esquecimento, sempre inclinando ora para um lado, ora para o outro, mas mantendo-me
sempre na corda bamba que é a paixão.
Como? Eu vou-me apaixonando “às
pinguinhas”. Apaixono-me sempre que me beijas. Ou beijavas. Apaixonava-me
sempre que pousavas a cabeça no meu ombro. Apaixonava-me sempre que me puxavas
para ti, para dormir no teu peito. Apaixonava-me quando encomendavas uma pizza
e te lembravas que eu gostava de ananás, cogumelos e bacon, mas não de
chouriço. Apaixonava-me quando dizias “dá beijinho” e, se eu desse, comentavas
logo “até te estou a estranhar”. Apaixonei-me quando te vi vestido para a gala,
aquela que seria a última noite contigo. Apaixonei-me de todas as vezes que nos
envolvemos no ritual que performamos tão bem juntos. Apaixonei-me por ti
centenas de vezes, ao longo destes cinco anos.
É assim que me mantenho no limbo.
Pode ser que agora a paixão caia,
finalmente, no esquecimento. Já vive há demasiado tempo. Mas algo me diz que me
assombrará a vida toda, que acabará no dia que não vem. Ou não fôssemos nós o
romance mais bonito que vivi. Não fosse este o amor da minha vida.
M.
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